Palácio São Francisco: Um marco cultural para a história paranaense

Localizado no centro histórico de Curitiba, o Palácio São Francisco é um dos principais ícones da arquitetura e da história paranaense. Projetado e construído entre 1928 e 1929 pelo engenheiro civil Eduardo Fernando Chaves, a edificação serviu inicialmente como residência da família Garmatter, de origem alemã. Imigrantes que vieram ao Brasil na década de 1920 em busca de destaque no comércio de carnes no país, um objetivo que de fato conseguiram alcançar.

Com arquitetura inspirada em palácios alemães, o edifício possuía aproximadamente 30 cômodos, incluindo oito quartos, tornando-se a primeira residência da capital paranaense com uma garagem que dava acesso direto à entrada da moradia. Além disso, destacou-se pelo uso de concreto armado em sua área externa, incluindo um terraço que permitia uma visão de 360° da casa, chamando a atenção da sociedade da época.

Diante de sua imponência, o então governador do estado, Manoel Ribas, insistiu para que Júlio Garmatter vendesse a propriedade ao governo. Em 1938, a mansão tornou-se sede do governo do Paraná até 1953, passando a ser conhecida como Palácio São Francisco, em referência ao bairro onde está localizada. A propriedade foi adquirida pelo estado, conforme registro na Transcrição n° 10.284, do Livro 3-D, datada de 09/02/1938, do 1° Registro de Imóveis de Curitiba. Como o processo de compra e venda do edifício precisou ser lavrado em um tabelionato de notas, esse registro pertence ao 1° Tabelionato de Curitiba, com a Escritura Pública lavrada em 20/01/1938.

Em 1954, o prédio passou a sediar o Tribunal Regional Eleitoral, função que desempenhou até o final dos anos 1980. Reconhecendo sua importância para a cultura local, em 1987 o imóvel foi tombado pelo Patrimônio Cultural, sendo registrado no Livro Tombo II – Inscrição 87 – Página 72 (Imagem 1). A planta original do palácio pode ser encontrada nos arquivos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

“O Museu Paranaense (MUPA), fundado em 1876, está instalado no Palácio São Francisco desde 2002. Com o passar dos anos, ambos se moldaram na construção de uma identidade conjunta: é quase impossível imaginar o MUPA em outro espaço da cidade, assim como pensar o Palácio abrigando outra instituição que não o terceiro museu público mais antigo do país. Criado ainda no regime monárquico, ele é reconhecido como a primeira instituição científica e cultural do Paraná”, explica a diretora do Museu, Gabriela Bettega.

Em 19 de dezembro de 2002, o Palácio São Francisco tornou-se oficialmente a sede permanente do Museu Paranaense (MUPA), recebendo uma placa de homenagem (Imagem 2). Atualmente, o Palácio abriga não apenas o MUPA, mas também sua equipe, seus pesquisadores e um público crescente. Junto aos Prédios Anexos, ele compõe o espaço físico que permite ao MUPA salvaguardar um acervo de mais de 500 mil itens, produzir pesquisas científicas e envolver continuamente a comunidade paranaense no movimento artístico e cultural. Dessa forma, o Museu se torna um local cada vez mais aberto, plural, pulsante e vivo, promovendo diálogos constantes com a sociedade, reforça Gabriela.

A importância do registro desse imóvel em cartório de notas, um ato realizado há tantos anos e que carrega uma história tão rica, é fundamental para a preservação não apenas desse patrimônio, mas da própria cultura paranaense. O presidente do Colégio Notarial do Brasil – Seção Paraná (CNB/PR) pontua:

“O registro é o alicerce da segurança jurídica, funcionando como um pilar essencial para a proteção e preservação não apenas dos nossos bens, mas também da rica história presente em cada ponto cultural e dos significados que eles carregam. Cada registro não se limita a uma simples formalidade; ele é um testemunho da trajetória de posse, da identidade dos indivíduos e da memória coletiva de uma sociedade. Garantir a preservação desses registros é garantir que a história não seja esquecida.”

Fonte: Isabella Serena. Assessora de comunicação CNB/PR